Dissertação/Tese EVOLUÇÃO DA PESQUISA BOTÂNICA NO BAIXO, MÉDIO E ALTO RIO NEGRO: dos naturalistas à atualidade - PPGCF

A Amazônia, especialmente a região do Baixo, Médio e Alto Rio Negro, tem sido alvo de exploração por naturalistas e pesquisadores há séculos. Exploradores como Alexandre Rodrigues Ferreira, Alfred Russel Wallace e Richard Spruce desempenharam um papel crucial na catalogação de espécies vegetais e na documentação dos conhecimentos tradicionais das comunidades locais. A importância desses trabalhos históricos vai além do avanço da ciência botânica, pois também registra as interações culturais e ecológicas que moldaram a compreensão moderna da Amazônia. Este estudo tem como objetivo documentar e analisar as contribuições desses naturalistas que exploraram a região do Baixo, Médio e Alto Rio Negro entre os séculos XVII e XIX. Para isso, buscamos identificar as espécies vegetais catalogadas, entender as interações desses naturalistas com as comunidades indígenas e avaliar o impacto de suas descobertas na ciência botânica e na conservação da biodiversidade da Amazônia. A pesquisa foi conduzida por meio de uma revisão bibliográfica abrangente, envolvendo obras históricas e contemporâneas sobre as expedições dos naturalistas na Amazônia. Foram analisados diários de viagem, cartas, relatórios, herbários e coleções botânicas, além de registros etnográficos sobre as comunidades indígenas do Rio Negro. A revisão incluiu também a consulta a bancos de dados científicos, artigos acadêmicos e entrevistas com especialistas em história natural e etnobotânica, com o intuito de contextualizar os dados obtidos. Os resultados indicam que as expedições realizadas por naturalistas Ferreira, Wallace e Spruce contribuíram significativamente para o conhecimento da flora amazônica, com a catalogação de centenas de espécies, muitas das quais continuam a serem referências importantes na botânica contemporânea. Além disso, a documentação das interações entre os naturalistas e as comunidades indígenas revelou uma rica troca de conhecimentos, onde saberes tradicionais sobre o uso de plantas medicinais e práticas agrícolas foi fundamental para o sucesso dessas expedições. A análise das fontes também mostrou que, apesar do valor inestimável dessas contribuições, muitos dos espécimes coletados pelos naturalistas não foram devidamente documentados e armazenados. Conclui-se que as expedições dos naturalistas no Baixo, Médio e Alto Rio Negro entre os séculos XVII e XIX deixaram um legado duradouro na ciência botânica e na compreensão das interações ecológicas e culturais da Amazônia. No entanto, há uma necessidade contínua de revisar e aplicar os conhecimentos adquiridos por esses pioneiros, especialmente em relação às coletas botânicas. Palavras

The Amazon, especially the region of the Lower, Middle and Upper Rio Negro, has been a focus of exploration by naturalists and researchers for centuries. Explorers such as Alexandre Rodrigues Ferreira, Alfred Russel Wallace, and Richard Spruce played a crucial role in cataloging plant species and documenting the traditional knowledge of these communities. The importance of these historical works extends beyond the advancement of botanical science, as they also record the cultural and ecological interactions that have shaped modern understanding of the Amazon. This study aims to document and analyze the contributions of these naturalists who explored the Lower, Middle, and Upper Rio Negro regions between the 17th and 19th centuries. To achieve this, we sought to identify the cataloged plant species, understand the interactions of these naturalists with indigenous communities, and assess the impact of their discoveries on botanical science and biodiversity conservation in the Amazon. The research was conducted through a comprehensive bibliographic review, involving both historical and contemporary works on naturalists' expeditions in the Amazon. We analyzed travel diaries, letters, reports, herbaria, and botanical collections, as well as ethnographic records on the indigenous communities of the Rio Negro. The review also included consultation of scientific databases, academic articles, and interviews with experts in natural history and ethnobotany to contextualize the data obtained. The results indicate that the expeditions carried out by naturalists Ferreira, Wallace, and Spruce contributed significantly to the knowledge of Amazonian flora, with the cataloging of hundreds of species, many of which continue to be important references in contemporary botany. Furthermore, the documentation of interactions between naturalists and indigenous communities revealed a rich exchange of knowledge, where traditional knowledge about the use of medicinal plants and agricultural practices was fundamental to the success of these expeditions. The analysis of sources also showed that, despite the invaluable contributions, many of the specimens collected by the naturalists were not properly documented and stored. It is concluded that the expeditions of naturalists in the Lower, Middle, and Upper Rio Negro between the 17th and 19th centuries left a lasting legacy in botanical science and the understanding of ecological and cultural interactions in the Amazon. However, there is a continuous need to review and apply the knowledge acquired by these pioneers, especially concerning botanical collections.