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Projeto
Saúde e bem-estar nos espaços sociais rurais
Linha de pesquisa: SOCIEDADE E CULTURA NO MUNDO RURAL
Desde 01/03/2017
A partir da inserção no debate contemporâneo sobre a questão da modernização e da ruralidade, o projeto reunirá as investigações que se ocupam com as condições de vida e bem-estar nos espaços do campo, entendido como lugares onde predominam a natureza sobre os objetos construídos e os pequenos grupos sociais, marcados por relações de proximidade e de interconhecimento. Trata-se, por um lado, de estudar como as forças da modernização dominante, com a difusão de insumos poupadores de trabalho vivo e da lógica capitalista, geram espaços rurais esvaziados de presença humana e empobrecidos de relações sociais, perguntando pelos efeitos que esse processo produzem sobre os habitantes de tais espaços, não apenas em termos de experiências degradantes de trabalho e existência social, como também de tensões e ambigüidades que prejudicam a sociabilidade e o equilíbrio dos indivíduos e comunidades, adoecendo-os física e psiquicamente. Saber como a artificialização da agricultura e a identificação de seu processo produtivo a um processo industrial, bem como a crescente geração de “trabalhadores disponíveis” e de gente desvinculada da terra, impactam os laços sociais e os corpos das pessoas, e em quais sentidos os esgarçam ou rompem, e quais os custos humanos que isso impõem. De outro lado, pretende-se estudar como as novas expectativas que a sociedade formula em relação ao mundo rural e à agricultura – como a valorização da relação homem-natureza, o culto às “amenidades” presentes no campo e aos laços familiares e sociais mais pessoalizados – tornam-se fatores na construção de um outro agricultor, uma outra agricultura e um outro espaço rural, recolocando em bases novas a discussão sobre as relações campo-cidade e as potencialidades de se viver no campo. Isso implica em investigar, por meio dos estudos de casos de áreas específicas no Brasil e no mundo, as experiências e estratégias de desenvolvimento das qualidades do rural, indagando sobre seus desdobramentos em termos de bem-estar, saúde e felicidade humanos. Inventariar e analisar experiências de ocupação civilizatória do espaço rural e a oferta de bens e serviços, materiais e simbólicos, produzidos pelos habitantes do campo que concorrem para o bem-estar deles mesmo e de populações urbanas vizinhas. Significa também analisar as condições de infraestrutura, mobilidade e acessibilidade nas comunidades rurais que favorecem o seu dinamismo e as economias de proximidade que possibilitam a permanência no campo e a afirmação identitária dos “rurais”, bem como entender o fenômeno dos “retirantes às avessas”, isto é, dos “neorurais” e suas interações e impactos nas comunidades – muitas vezes tradicionais – onde se reassentam.