Linha de pesquisa CONFIGURAÇÕES DO RURAL, POLÍTICA E MEIO AMBIENTE - PPGER

A temática do projeto é sobre agricultura familiar, compreendida como modelo de agricultura. A hipótese é que há um processo de reconhecimento e de valorização desse modelo de agricultura, desde a década de 1990, em três vertentes propositivas: a luta social e política do segmento de agricultores familiares, o debate acadêmico e científico e o reconhecimento institucional, via políticas públicas. Nestes termos, privilegia-se investigação de caráter interdisciplinar sobre a configuração da agricultura familiar em âmbito regional, para sociedades do Vale do Jequitinhonha e do Norte de Minas Gerais. Pretende-se demarcar investigações específicas referenciadas em abordagens seja para a luta social em perspectiva de movimentos sociais e de sindicalismo; seja para o debate acadêmico e científico de formulação da categoria agricultura familiar, seja para o reconhecimento institucional, por meio de políticas públicas.

O trabalho desenvolvido envolveu a busca da identificação da representação da iconografia das sibilas do Tijuco a partir da literatura, dos textos teológicos e litúrgicos e da observação das figurações das sibilas cristianizadas na Itália como modelos. Foi feita uma discutir a relação entre a representação das sibilas e os véus quaresmais enquanto elemento litúrgico. Procedeu-se ainda a uma discutição sobre o significado societário da única representação de figuras proféticas femininas na colônia portuguesa da América identificando possíveis elementos regionais. Buscou-se também a identificação da circulação de modelos europeus (tratados; gravuras avulsas; textos teológicos) no Arraial do Tijuco como possibilidade de fundamentação das representações iconográficas, bem como a existência de livros religiosos do período colonial, ali existentes, para possível compreensão da presença das profetisas na arte sacra do local. Como resultado houve apresentação do trabalho em Evento Científico e a Publicação de capítulo de livro com o resultado da pesquisa (Cf. http://acervo.ufvjm.edu.br/jspui/handle/1/1521). A pesquisa tem vinculação direta com a disciplina MANIFESTAÇÕES DA LINGUAGEM RELIGIOSA NA CULTURA RURAL e à linha de pesquisa SOCIEDADE E CULTURA NO MUNDO RURAL

O objetivo do projeto é publicar um atlas histórico do nordeste de Minas Gerais, abrangendo as áreas mineiras das bacias do Jequitinhonha e Mucuri e os principais processos históricos regionais no período entre as décadas de 1710 e 1950. A pesquisa envolverá levantamento e análise de literatura sobre a região (textos de memorialistas, relatos de viajantes, pesquisas acadêmicas), documentação governamental diversa (mapas, relatórios de autoridades, estatísticas oficiais, etc.) e pesquisa de fontes primárias locais em cidades polos do nordeste de Minas Gerais (Diamantina, Araçuaí, Almenara, Pedra Azul, Teófilo Otoni e Nanuque). O atlas conterá temas como povoamento, demografia e migrações; formação e desenvolvimento dos núcleos urbanos; transportes regionais; agricultura, pecuária e mineração; administração local e regional; estruturas e conflitos sociais; paisagens regionais e suas transformações. O Atlas Histórico dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri terá versões impressa e eletrônica.

om abordagem antropológica e histórica, assentada nos estudos de comunidades, e lançando mão das contribuições das ciências biológicas – especialmente da botânica, ecologia e zoologia – e da saúde – notadamente a nutrição e a farmacologia –, este projeto reunirá as investigações centradas na questão do conhecimento e dos usos que as populações do campo fazem dos recursos fornecidos pelos seus ambientes, de modo a atender demandas cotidianas nas esferas da alimentação, saúde e fabricação de objetos (casas, utensílios, ferramentas, materiais, etc.). Trata-se mais amplamente de inventariar e analisar as relações entre o ambiente e a cultura material, as práticas de manutenção e promoção de certos vegetais e animais, bem como o repertório de saberes (e sua transformação no decurso do tempo) que possibilita a adaptação de grupos sociais aos espaços rurais por eles construídos. Também interessam os “modos de fazer” – mais especificamente, as práticas de preparar alimentos, de curar e de manufaturar coisas – das comunidades, examinados em suas inter-relações complexas com os sistemas simbólicos (cosmologias, lendas, religiões, artes) que as caracterizam. Atenção será dada às influências que estes saberes e práticas recebem da ciência e tecnologia ocidentais, as resistências que lhes interpõem e a maneira como podem gerar e organizar mecanismos alternativos de provisão de ações nos campos da saúde e da segurança alimentar. Ou, noutros termos, avaliar como os saberes e o “saber-fazer” das comunidades rurais podem constituir fonte de inovação no plano da sociabilidade local e das instituições. Por outro lado, dialogando com a Ecologia Histórica e a Etnobiologia, pretende-se investigar, para lugares e comunidades específicos, os intricados processos de formação de paisagens nos quais se destacam a exploração contínua de determinadas espécies, o acúmulo de conhecimentos a respeito das mesmas e as práticas de manejo/cultivo/criação utilizadas, como variáveis na produção dos espaços rurais, verificando as suas intencionalidades.

Objetivo geral: investigar o processo de transição agrícola que ocorre entre agricultores familiares com o início dos cultivos intensivos na região. Objetivos específicos: a) verificar o conhecimento das famílias agrícolas, na pequena propriedade rural, sobre as mudanças nas formas de cultivo de alimentos; b) determinar o que altera as formas tradicionais de cultivo dos alimentos da agricultura familiar com a introdução de cultivo agrícola intensivo na região; c) contribuir com a reflexão sobre a mudança na forma de cultivo agrícola, o modo de vida rural e os impactos que essas mudanças causam nos âmbitos social, ambiental, cultural e econômico.

Este projeto abrigará as pesquisas de docentes e discentes voltadas para a investigação, em perspectiva sincrônica, de aspectos relevantes da agropecuária, do extrativismo (vegetal e animal) e da agroindústria no Brasil e na América Latina, bem como os efeitos das políticas públicas sobre o setor primário das economias regionais e nacionais. Tanto em nível teórico como em nível aplicado, as pesquisas utilizarão primordialmente o enfoque sistêmico, baseando-se na Teoria de Sistemas Agrários, de modo a apreender a complexidade das formas de produção primária e de sua transformação industrial, as suas diferenciações geográficas e inter-relações com a sociedade envolvente e a política. A organização e o funcionamento de unidades de produção agrícola, suas interações com complexos agroindustriais e os estímulos (positivos ou negativos) das políticas públicas que as influenciam serão temas privilegiados, cabendo atenção especial à agricultura familiar com seu fazer multidimensional em sua terra e em seu espaço de vida e trabalho. Serão também investigados os processos de modernização agrícola – seus fundamentos, atores, estratégias e consequências – e as novas conformações do espaço rural por eles produzido, os arranjos institucionais que realizam a representação e implementação dos interesses do agronegócio e da pequena agricultura (familiar e campesina), e a atuação estatal na mediação, na regulação e no controle das demandas econômicas, sociais e culturais postas na arena pública pelos diversos sujeitos presentes no campo. O projeto contemplará ainda pesquisas sobre formas alternativas de agricultura, desenvolvendo estudos de caso de experiências levadas a cabos por comunidades tradicionais, grupos de agricultores apoiados por organizações do terceiro setor, universidades ou órgãos governamentais, o que significa que se dedicará a estudar a questão do progresso técnico no mundo rural, que opõe a concepção da industrialização da agricultura à concepção da gestão dos seres vivos.

Tem como objetivos contribuir com a geração e difusão de conhecimentos e inovações tecnológicas agroecológicas e monitorar a resiliência de sistemas agroecológicos às mudanças climáticas na região do semiárido de Minas Gerais

Balizada pelo debate contemporâneo sobre a questão agrária, que considera as implicações da escolha social entre a aliança da propriedade da terra com o capital e a aliança da propriedade da terra com o trabalho, esse projeto abarcará as investigações relativas às formas de apropriação da terra e seus efeitos sobre os processos de desenvolvimento territorial, enfatizando os casos de comunidades indígenas, quilombolas, povos tradicionais, dentre outras comunidades, de Minas Gerais e do Brasil. Trata-se de estudar a formação de territórios rurais, sua organização e mecanismos de gestão social, referidos às lutas de grupos específicos por reconhecimento e valorização e contra as imposições do latifúndio/capital, e mesmo das injunções estatais; de avaliar, por meio de estudos de caso, a capacidade dos homens do campo de construir territórios diversificados e dinâmicos e de inovação na seara tecnológica, organizacional, cultural e política; e, em plano mais amplo, de entender os processos que vem aprofundando, gradativamente, no país e no estado, no campo e nas pequenas cidades, o espaço da democracia e da participação popular, permitindo a afirmação por cidadania do homem do campo, no campo, bem como as expressões organizadas da diversidade social. Serão também estudados os movimentos sociais, os sindicatos e as organizações do terceiro setor que buscam apoiar e fortalecer as lutas por reconhecimento e por direitos de comunidades de agricultores e trabalhadores rurais, especialmente no Norte e Nordeste de Minas Gerais. Ademais, investigar as intenções do grande capital e do Estado consubstanciadas nos programas de desenvolvimento rural vis a vis as propostas oriundas das comunidades de pequenos agricultores, trabalhadores do campo e seus aliados, mapeando a distribuição de posições entre os pólos representados pelos modelos da urbanização do campo e do desenvolvimento rural sustentável.