Dissertação/Tese Validação da Escala de Participação Social (P-scale) em adultos com lesão medular - PPGREAB

A lesão medular (LM) interfere na qualidade de vida e no potencial funcional do indivíduo, predispondo a incapacidade e a restrição na participação. Participação refere-se ao fenômeno de desempenhar um papel na sociedade ou tomar parte em atividades nas áreas sociais, econômicas, cívicas, interpessoais, domésticas e educacionais. Dados sobre participação são necessários para avaliações e intervenções na reabilitação. O objetivo deste estudo foi avaliar a confiabilidade e a validade de constructo da versão 6.0 da Escala de Participação Social (P-scale) em adultos com LM; correlacionando essa escala com funcionalidade, depressão e acessibilidade arquitetônica. Estudo metodológico do tipo observacional descritivo, com delineamento transversal. Foram realizadas duas entrevistas com 100 indivíduos adultos com LM, em um centro de referência em reabilitação, em Belo Horizonte, Minas Gerais, no período de janeiro/2021 a março/2021. Na primeira entrevista foram aplicados: questionário sociodemográfico e de saúde, P-scale, Medida de Independência Funcional (MIF), Inventário de Depressão de Beck (BDI) e Questionário de Percepção de Acessibilidade (QPA). No intervalo de dez a quatorze dias após, a P-scale foi readministrada. A normalidade na distribuição dos dados foi verificada pelo teste de Kolmogorov-Smirnov. Para análise de teste de hipótese foi utilizado o Rho de Spearman para avaliar as correlações entre os diferentes construtos e para investigar as diferenças entre os grupos o teste U de Mann-Whitney. A confiabilidade foi calculada usando o coeficiente intraclasse (ICC) e a consistência interna pelo alfa de Cronbach. A análise estatística foi realizada por meio do software Statistical Package for the Social Sciences (SPSS), versão 22.0, com nível de significância de 5%. A idade média dos participantes foi de 38,9 + 12,80 anos, a maioria era homem (74%) e as lesões traumáticas foram mais frequentes (72%). O escore médio da P-scale foi de 38,10 + 20,87. A P-scale apresentou uma correlação de fraca a moderada com o domínio motor da MIF (rs = - 0,280) e de moderada a boa com o domínio cognitivo da MIF (rs = - 0,520), sintomatologia depressiva (rs = 0,610), deslocamentos (rs = - 0,620) e domínio psicoafetivo de acessibilidade (rs = 0,530). A média dos escores obtidos na P-scale nos grupos com e sem sintomatologia depressiva (p = 0,001), dor neuropática (p = 0,033) e dependência funcional (p = 0,001) apresentaram diferença significativa. A média dos escores da P-scale nos grupos de indivíduos com paraplegia e com tetraplegia não diferiu. A P-scale mostrou adequada consistência interna (alfa de Cronbach = 0,873) e excelente confiabilidade teste-reteste (ICC2,1=0,992; 95%). Nossos achados suportam o uso da P-scale para avaliar a participação social de indivíduos adultos com LM na prática clínica e na pesquisa.

Spinal cord injury (SCI) interferes with the quality of life and functional potential of the individual, predisposing to disability and restriction in participation. Participation refers to the phenomenon of playing a role in society or taking part in activities in the social, economic, civic, interpersonal, domestic and educational areas. Participation data are needed for rehabilitation assessments and interventions. The aim of this study was to assess the reliability and construct validity of version 6.0 of the Social Participation Scale (P-scale) in adults with SCI, correlating this scale with functionality, depression, and architectural accessibility. Descriptive observational methodological study, with a cross-sectional design. Two interviews were conducted with 100 adult individuals with SCI, in a reference center for rehabilitation, in Belo Horizonte,Minas Gerais, from January/2021 to March/2021. In the first interview, the following were applied: sociodemographic and health questionnaire, P-scale, Functional Independence Measure (FIM), Beck Depression Inventory (BDI) and Accessibility Perception Questionnaire (QPA). Within 7 to 14 days after, the P-scale was re-administered. Normality in data distribution was verified by the Kolmogorov-Smirnov test. For the analysis of the hypothesis test, Spearman's Rho was used to assess the correlations between the different constructs and to investigate the differences between the groups, the Mann-Whitney U test. Reliability was calculated using the intraclass coefficient (ICC) and internal consistency using Cronbach's alpha. Statistical analysis was performed using the Statistical Package for Social Sciences (SPSS) software, version 22.0, with a significance level of 5%. The mean age of participants was 38.9 ± 12.80 years, most were male (74%) and traumatic injuries were more frequent (72%). The mean P-scale score was 38.10 + 20.87. The P-scale showed a weak to moderate correlation with the FIM motor domain (rs = - 0.280) and moderate to good with the FIM cognitive domain (rs = - 0.520), depressive symptoms (rs = 0.610), displacements (rs = - 0.620) and psycho-affective domain of accessibility (rs = 0.530). The mean of the scores obtained on the P-scale in the groups with and without depressive symptoms (p = 0.001), neuropathic pain (p = 0.033) and functional dependence (p = 0.001) showed a significant difference. The mean of the P-scale scores in the groups of individuals with paraplegia and with quadriplegia did not differ. The P-scale showed adequate internal consistency (Cronbach's alpha = 0.873) and excellent test-retest reliability (ICC2.1=0.992; 95%). Our findings support the use of the P-scale to assess the social participation of adult individuals with SCI in clinical practice and research.