Dissertação/Tese do PPGREAB
ASSOCIAÇÃO ENTRE SINTOMAS RESPIRATÓRIOS E O TEMPO DE
EXPOSIÇÃO À FUMAÇA DO FOGÃO À LENHA EM PACIENTES COM
FUNÇÃO PULMONAR NORMAL
ResumoPalavras-chave:
Introdução: O fogão a lenha ainda é muito utilizado em diversos países para fins de
aquecimento do ambiente e cocção de alimentos, geralmente sendo encontrado dentro do
domicílio. O material particulado respirável decorrente da queima de biomassa apresenta
toxidade, atingindo o interstício pulmonar e desencadeando processos inflamatórios. A
inalação aguda pode causar irritação brônquica, inflamação e reatividade brônquica
agudas, enquanto a exposição prolongada causa inflamação crônica das vias aéreas,
estando associada ao desenvolvimento de doenças respiratórias. Objetivo: Investigar
sintomas respiratórios em pacientes que nunca fumaram, mas relataram tempo de
exposição prolongado a fumaça de fogão a lenha. Método: Tratou-se de um estudo
observacional transversal de base populacional que utilizou os dados coletados em
prontuários médicos em consultório particular, no período de janeiro de 2019 à novembro
de 2021, por pesquisador único. Resultados: Dos 101 pacientes avaliados 80 eram do
sexo feminino e 53,47%, tinham 60 anos ou mais; 17,82% eram trabalhadores rurais e
60,40% se dedicavam a outra atividade laboral, cabendo destacar que 21,78% se
dedicavam ao trabalho dos seus lares. Destes, 34 pacientes relataram tempo de exposição
à fumaça do fogão a lenha por mais de 40 anos e 76 relataram no momento da avaliação
médica presença de dois ou mais sintomas respiratórios. Destes 51,49% relatavam tosse,
59,41% dispneia, 21,78% sibilância e 20,79% dor torácica. Nas espirometrias alteradas
houve um predomínio do padrão obstrutivo, correspondendo a 23,76% da amostra. A
associação entre alterações espirométricas e tempo prolongado de exposição a fumaça do
fogão a lenha não foi encontrada neste estudo nem mesmo entre tempo de exposição a
fumaça de fogão a lenha e a presença de sinais e sintomas respiratórios. Conclusão: O
presente estudo sugere que os pacientes que nunca fumaram, mas que foram expostos a
fumaça do fogão a lenha por tempo prolongado, estão mais propensos a desenvolver
sintomas respiratórios, apesar de função pulmonar dentro dos padrões de normalidade.
Por este motivo, faz-se necessário um maior número de estudos que contemplem a
avaliação de mais parâmetros de função pulmonar; a avaliação de dados sobre outras
exposições ambientais (tabagismo passivo e tipo de cigarro, trabalho agrícola, localização
e características do fogão), permitindo avaliar melhor o papel da fumaça da lenha, como
fator etiológico do desenvolvimento de doenças do trato respiratório.
Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica; biomassa; fumaça.
AbstractKeywords:
Introduction: The wood stove is still widely used in several countries for the purpose of
heating the environment and cooking food, usually found inside the home. The respirable
particulate material resulting from the burning of biomass is toxic, reaching the lung
interstitium and triggering inflammatory processes. Acute inhalation can cause bronchial
irritation, inflammation and acute bronchial reactivity, while prolonged exposure causes
chronic airway inflammation and is associated with the development of respiratory
diseases. Objective: To investigate respiratory symptoms in patients who never smoked,
but reported prolonged exposure to wood stove smoke. Method: This was a population-
based cross-sectional observational study that used data collected from medical records
in a private practice, from January 2019 to November 2021, by a single researcher.
Results: Of the 101 patients evaluated, 80 were female and 53.47% were 60 years of age
or older; 17.82% were rural workers and 60.40% were dedicated to other work activities,
it is worth noting that 21.78% were dedicated to the work of their homes. Of these, 34
patients reported time of exposure to wood stove smoke for more than 40 years and 76
reported at the time of medical evaluation the presence of two or more respiratory
symptoms. Of these, 51.49% reported coughing, 59.41% dyspnea, 21.78% wheezing and
20.79% chest pain. In the altered spirometry, there was a predominance of the obstructive
pattern, corresponding to 23.76% of the sample. The association between spirometric
changes and prolonged exposure to wood stove smoke was not found in this study, not
even between exposure to wood stove smoke and the presence of respiratory signs and
symptoms. Conclusion: The present study suggests that patients who have never smoked,
but who have been exposed to wood stove smoke for a long time, are more likely to
develop respiratory symptoms, despite lung function within normal limits. For this
reason, a greater number of studies are needed that include the assessment of more
parameters of pulmonary function; the evaluation of data on other environmental
exposures (passive smoking and type of cigarette, agricultural work, location and
characteristics of the stove), allowing a better assessment of the role of wood smoke as
an etiological factor in the development of respiratory tract diseases.
Chronic Obstructive Pulmonary Disease; biomass; smoke.
Banca de defesa
PresidenteNacionalidade: Brasileira Ver currículo Lattes Ver ORCID Ver página pessoal
VANESSA PEREIRA DE LIMA
Participante internoNacionalidade: Brasileira Ver currículo Lattes Ver ORCID Ver página pessoal
HENRIQUE SILVEIRA COSTA
Participante externoNacionalidade: Brasileira Ver currículo Lattes Ver ORCID Ver página pessoal
Endi Lanza Galvão