Dissertação/Tese Autoeficacia e espiritualidade em indivíduos atendidos em um centro de referência neurofuncional. - PPGREAB

A lesão medular (LM) está entre as síndromes incapacitantes de maior impacto na vida das pesssoas e de suas famílias. A autoeficácia em pacientes com LM pode promover comportamentos de vida diária que beneficiam uma autorregulação para manutenção da saúde. Aliada a autoeficácia, a espiritualidade é um atributo que se associa ao enfrentamento e à adapatação de indivíduos após uma LM. No contexto de reabilitação, a autoeficácia e a espiritualidade tornam-se condicionantes valiosas a serem entendidas e avaliadas. O objetivo deste estudo foi avaliar a autoeficácia e a espiritualidade em pessoas com LM atendidas em um centro de neurorreabilitação de referência; verificar se há correlação entre a autoeficácia e a espiritualidade e a influência de características sociodemográficas e de saúde sobre essas variáveis. Estudo transversal descritivo, com amostra de conveniência. Foram entrevistados 68 indivíduos adultos, de ambos os sexos, com LM traumática e não traumática. Foram aplicados os instrumentos: Escala de Medida de Independência Funcional (MIF); Moorongg Self-Efficay (MSES – Escala de Autoeficácia); Funcional Assessment of Chronic Illnes Therapy-Spiritual Well-Being Scale (FACIT-sp 12 – Escala de Bem-estar Espiritual) e um Questionário Semiestruturado com dados sociodemográficos e de condições de saúde. Foi realizada análise descritiva e inferencial das variáveis. O Teste Kolmogorov- Smirnov foi utilizado para verificar a normalidade dos dados; o coeficiente de correlação de Pearson para as análises de correlação e o teste T para amostras independentes e ANOVA para verificar a diferença da autoeficácia e espiritualidade entre grupos, de acordo com as variáveis sociodemográficas e de saúde (p < 0, 05). A amostra foi predominantemente do sexo masculino (68,7%) com paraplegia (66,2%) e idade média de 40,2 + 15,3 anos. A crença em alguma religião foi encontrada em 100% dos indivíduos, 53,0% católicos, 28,0% evangélicos e 19,0% outras religiões. Sobre a funcionalidade, o escore médio encontrado na MIF (motor) foi de 61,7 + 20,0. A amostra apresentou boa autoeficácia (85,7 + 13,1) e bem-estar espiritual (33,8 + 4,5). Houve correlação significativa entre a autoeficácia e o bem-estar espiritual (r = 0,479 p < 0,01) e entre a autoficácia e a independência funcional (r = 0,602 p < 0,01). Houve correlação significativa do bem-estar espiritual com a funcionalidade, entretanto mais fraca (r = 0, 287 p = 0,02). O bem-estar espiritual e autoeficácia dos indivíduos com paraplegia (34,24 + 4,1 e 87,7 + 8,8, respectivamente) não diferiu (p > 0,05) dos indivíduos com tetraplegia (32,9 + 5,2 e 81,7 + 18,5, respectivamente). De acordo com a classificação de deficiência da ASIA, apenas a autoeficácia diferiu (p =0,007) entre os indivíduos classificados como A (79,2 + 16,1) dos D (93,1 + 7,7). Sexo, idade, escolaridade, raça, estado civil, renda, filhos, dor e atividade física não influenciaram a autoeficácia e o bem-estar espiritual (p > 0,05). Os indivíduos que trabalham e estudam apresentaram maior autoeficácia (p = 0,04) e os que possuiam cuidadores apresentaram menor autoeficácia (p < 0,01) e bem-estar espiritual (p = 0,01). A população estudada apresentou boa autoeficácia e espiritualidade, atributos importantes para lidar com as consequências de uma LM.

Spinal cord injury (SCI) is among the disabling syndromes with the greatest impact on the lives of people and their families. Self-efficacy in patients with SCI can promote behaviors of daily living that benefit a self-regulation for health maintenance. Together with self-efficacy, spirituality is an attribute that is associated with coping and adaptation of individuals after an SCI. In the context of rehabilitation, self-efficacy and spirituality become valuable constraints to be understood and evaluated. The aim of this study was to evaluate self-efficacy and spirituality in people with SCI treated at a reference neurorehabilitation center; to verify whether there is a correlation between self-efficacy and spirituality and the influence of sociodemographic and health characteristics on these variables. Descriptive cross-sectional study, with convenience sample. We interviewed 68 adult individuals of both sexes, with traumatic and non-traumatic SCI. The following instruments were applied: Functional Independence Measurement Scale (FIM); Moorongg Self-Efficacy (MSES - Self-Efficacy Scale); Functional Assessment of Chronic Illness Therapy-Spiritual Well-Being Scale (FACIT-sp 12) and a Semi-structured Questionnaire with socio-demographic and health status data. Descriptive and inferential analysis of the variables was performed. The KolmogorovSmirnov Test was used to verify the normality of the data; Pearson's correlation coefficient for correlation analyses and the T-test for independent samples and ANOVA to verify the difference in self-efficacy and spirituality between groups, according to sociodemographic and health variables (p < 0, 05). The sample was predominantly male (68.7%) with paraplegia (66.2%) and mean age of 40.2 + 15.3 years. Belief in some religion was found in 100% of individuals, 53.0% Catholics, 28.0% evangelicals and 19.0% other religions. On the functionality, the mean score found in the IFM (motor) was 61.7 + 20.0. The sample showed good self-efficacy (85.7 + 13.1) and spiritual well-being (33.8 + 4.5). There was a significant correlation between self-efficacy and spiritual well-being (r = 0.479 p < 0.01) and between autophycia and functional independence (r = 0.602 p < 0.01). There was a significant correlation between spiritual well-being and functionality, however weaker (r = 0. 287 p = 0.02). The spiritual well-being and self-efficacy of individuals with paraplegia (34.24 + 4.1 and 87.7 + 8.8, respectively) did not differ (p > 0.05) from individuals with tetraplegia (32.9 + 5.2 and 81.7 + 18.5, respectively). According to the ASIA disability classification, only selfefficacy differed (p = 0.007) among individuals classified as A (79.2 + 16.1) of D (93.1 + 7.7). Age, education, race, marital status, income, children, pain and physical activity did not influence self-efficacy and spiritual well-being (p > 0.05). The individuals who work and study presented higher self-efficacy (p = 0.04) and those with caregivers presented lower selfefficacy (p < 0.01) and spiritual well-being (p = 0.01). The studied population presented good self-efficacy and spirituality, important attributes to deal with the consequences of an SCI.