Dissertação/Tese Teste de Caminhada de Seis Minutos na cardiomiopatia chagásica: avaliação funcional e valor prognóstico - PPGREAB

Introdução: A doença de Chagas (DC) é uma infecção causada pelo protozoário Trypanosoma cruzi. A doença se apresenta clinicamente em duas fases distintas, a aguda e a crônica, sendo que a última pode revelar-se nas formas indeterminada, cardíaca, digestiva ou cardiodigestiva. A cardiomiopatia chagásica (CCh), forma cardíaca da infecção, é a mais grave das manifestações clínicas e a mais comum, sendo responsável pela alta taxa de morbimortalidade. Nessa fase, a fadiga e dispneia aos esforços físicos habituais estão entre os achados mais comuns, tido como um marcador bem definido de pior prognóstico, contribuindo para a redução da capacidade funcional. O teste de caminhada de seis minutos (TC6’) é um método útil na avaliação da capacidade funcional de pacientes cardiopatas e apesar de ser amplamente utilizado sua função prognóstica na CCh permanece desconhecida. Objetivo: Determinar a associação entre a distância do TC6’ e o pico do consumo de oxigênio (VO2pico) e verificar a acurácia na predição de eventos cardiovasculares adversos em pacientes com CCh. Métodos: Estudo prospectivo, realizado com setenta pacientes com CCh (43 do sexo masculino, 48±7 anos), que foram avaliados por ecocardiografia, teste de esforço máximo e TC6’. Os pacientes foram acompanhados através de entrevistas telefônicas por 41,4 meses e o desfecho foi definido como morte cardíaca, eventos cerebrovasculares ou transplante cardíaco. Resultados: No final do período de acompanhamento, 20 pacientes (29%) apresentaram eventos adversos. A distância percorrida no TC6’ estava associada ao VO2pico (r=0,552, p=0,001). A distância de 491m foi o ponto de corte ótimo na predição de eventos cardiovasculares. Não houve diferença na frequência dos eventos cardiovasculares adversos (p<0,133) entre os grupos com baixa (≤491m) e alta capacidade funcional (>491m). Na análise univariada de Cox, a menor fração de ejeção de ventrículo esquerdo (FEVE) (p=0,002), o maior diâmetro diastólico final do ventrículo esquerdo (p=0,011) e o TC6’ inferior a 491m (p=0,133) foram associados a pior evolução. Na análise multivariada, apenas a FEVE permaneceu como um preditor independente de pior prognóstico (HR 0,94; IC 95%: 0,90 a 0,98, p=0,002). Conclusão: O TC6’ se mostrou uma ferramenta válida na avaliação da capacidade funcional em pacientes com CCh. Não foi encontrada evidência que sustente o valor prognóstico do TC6’ em pacientes com CCh.

Introduction: Chagas disease (CD) is an infection caused by the protozoan Trypanosoma cruzi. The disease presents itself clinically in two distinct phases, the acute and the chronic, and the latter can be revealed in indeterminate, cardiac, digestive or cardiodigestive forms. Chagas cardiomyopathy (CCh), the cardiac form of the infection, is the most severe of the clinical manifestations and the most common, being responsible for the high morbidity and mortality rate. In this phase, fatigue and dyspnea on habitual physical exertion are among the most common findings, considered a well-defined marker of worse prognosis, contributing to the reduction of functional capacity. The six-minute walk test (6MWT) is a useful method for assessing the functional capacity of patients with heart disease and, despite being widely used, its prognostic role in CHD remains unknown. Chagas disease (CD) is an infection caused by the protozoan Trypanosoma cruzi. The disease presents clinically in two distinct phases, acute and chronic, and the latter can be expressed in indeterminate, cardiac, digestive or cardiodigestive forms. Chagas cardiomyopathy (ChC), the cardiac form of infection, is the most common and most severe of clinical manifestations, being responsible for the high rate of morbidity and mortality. In this phase, the patient may develop with extensive fibrosis, malignant arrhythmias, thromboembolism, stroke, progressive myocardial deterioration, and heart failure. Fatigue and dyspnea on cardinal efforts are among the most common findings, considered as a well-defined marker of worse prognosis, contributing to the reduction of functional capacity. The six-minute walk test (6MWT) is a useful method in assessing the functional capacity of patients with heart disease. Despite being widely used, prognostic test function in patients with ChC remains unknown. Objective: To determine the association between the 6MWT distance and peak oxygen consumption (VO2peak) and verify the accuracy in predicting adverse cardiovascular events in patients with CCh. Methods: Prospective study, carried out with seventy patients with ChCh (43 males, 48±7 years), who were evaluated by echocardiography, maximal effort test and 6MWT. Patients were followed through telephone interviews for 41.4 months and the outcome was defined as cardiac death, cerebrovascular events or heart transplantation. Results: At the end of the follow-up period, 20 patients (29%) experienced adverse events. The distance covered in the 6MWT was associated with VO2peak (r=0.552, p=0.001). The distance of 491m was the optimal cutoff point for predicting cardiovascular events. There was no difference in the frequency of adverse cardiovascular events (p<0.133) between the groups with low (≤491m) and high functional capacity (>491m). In the univariate Cox analysis, the lowest left ventricular ejection fraction (LVEF) (p=0.002), 8 the highest left ventricular end-diastolic diameter (p=0.011) and the 6MWT less than 491m (p=0.133) were associated the worst evolution. In the multivariate analysis, only LVEF remained as an independent predictor of worse prognosis (HR 0.94; 95% CI: 0.90 to 0.98, p=0.002). Conclusion: The 6MWT proved to be a valid tool in the assessment of functional capacity in patients with CCh. No evidence was found to support the prognostic value of the 6MWT in patients with CCh.