Dissertação/Tese Existe diferença na cinética e cinemática de indivíduos com e sem dor femoropatelar para marcha, agachamento unipodal, subida e descida de degraus? - PPGREAB

A dor femoropatelar (DFP) é uma desordem musculoesquelética crônica, caracterizada por dor na região peri ou retropatelar em momentos em que há uma sobrecarga na articulação femoropatelar, sendo prevalente 2,23 vezes mais em mulheres. A etiologia da DFP é multifatorial, mas seu surgimento está correlacionado, sobretudo, a fatores biomecânicos. As pesquisas que envolvem a cinemática e cinética como ferramenta de avaliação de mulheres com DFP, até o momento, são analisadas por meio de uma variável discreta. Além disso, não há uma padronização das tarefas funcionais utilizadas para avaliar essas mulheres, o que dificulta a comparação de estudos e a interpretação de resultados para a prática clínica. Sendo assim, investigar um grande número de tarefas funcionais, concomitante a uma análise dos dados de variável contínua se torna fundamental. Portanto, o objetivo deste estudo foi investigar se existe diferença na cinemática e na cinética de indivíduos com e sem DFP para tarefas funcionais. Trata-se de um estudo transversal, realizado com quarenta e duas mulheres com idade entre 18 e 45 anos, que foram divididas em 2 grupos: grupo dor femoropatelar (GDF) ou grupo controle (GC). As voluntárias foram submetidas a uma avaliação cinética e cinemática das seguintes tarefas funcionais: marcha, agachamento unipodal, subida e descida de degraus. Para comparar as variáveis biomecânicas dos dois grupos, durante as quatro tarefas funcionais, o Statistical Parametric Mapping (SPM) do valor t, do teste t não pareado post-hoc (α = 0,01), foi empregado usando MATLAB. O SPM do valor t foi utilizado para identificar a diferença entre curvas contínuas. Os resultados mostraram que o GDF apresentou maior rotação interna de joelho, menor adução e rotação interna de quadril durante a marcha; exibiu durante o agachamento unipodal uma maior eversão do retropé e um maior momento externo adutor de joelho; eversão do retropé durante a subida de degraus; maior eversão do retropé, maior rotação interna do joelho e quadril e maior momento externo adutor de tornozelo. Para todas as tarefas o grupo com dor femoropatelar apresentou diferenças significativas. Nas tarefas funcionais que exigem uma maior sobrecarga na articulação femoropatelar, como agachamento, subida e descida de degraus, foi possível verificar, por um período maior, essas alterações biomecânicas. Somente o momento adutor do tornozelo, durante a descida de degraus, teve um intervalo muito pequeno e uma variabilidade muito grande dos dados.

Patellofemoral pain (PFP) is a chronic musculoskeletal disorder, characterized by pain in the peri- or retropatellar region at times when there is overload on the patellofemoral joint, being prevalent 2.23 times more in women. The etiology of PFD is multifactorial, but its appearance is correlated, above all, to biomechanical factors. Research involving kinematics and kinetics as a tool for evaluating people with PFP, to date, has been analyzed using a discrete variable. Furthermore, there is no standardization of the functional tasks used to evaluate these women, which makes it difficult to compare studies and interpret results for clinical practice. Therefore, investigating a large number of functional tasks, concomitantly with an analysis of continuous variable data, becomes fundamental. Therefore, the objective of this study was to investigate whether there is a difference in the kinematics and kinetics of individuals with and without PFP for functional tasks. This is a cross-sectional study, carried out with forty-two women aged between 18 and 45 years, who were divided into 2 groups: patellofemoral pain group (GDF) or control group (CG). The volunteers underwent a kinetic and kinematic assessment of the following functional tasks: walking, single-leg squats, going up and down steps. To compare the biomechanical variables of the two groups during the four functional tasks, Statistical Parametric Mapping (SPM) of the t-value, post-hoc unpaired t-test (α = 0.01), was employed using MATLAB. The SPM of the t value was used to identify the difference between continuous curves. The results showed that the GDF presented greater internal rotation of the knee, less adduction and internal rotation of the hip during gait; exhibited greater eversion of the rearfoot and greater external knee adductor moment during the single-leg squat; rearfoot eversion when climbing steps; greater eversion of the rearfoot, greater internal rotation of the knee and hip and greater external ankle adductor moment. For all tasks, the group with patellofemoral pain showed significant differences. In functional tasks that require greater overload on the patellofemoral joint, such as squatting, climbing and descending steps, it was possible to verify these biomechanical changes for a longer period. Only the ankle adductor moment, during the descent of steps, had a very small range and a very large data variability