Dissertação/Tese ANÁLISE DA MARCHA DE PACIENTES COM INSUFICIÊNCIA VENOSA CRÔNICA - PPGREAB

Introdução: A insuficiência venosa crônica (IVC) refere-se a uma condição clínica caracterizada pela disfunção do sistema venoso dos membros inferiores, resultando em refluxo sanguíneo, hipertensão venosa e comprometimento da microcirculação. A IVC é considerada um importante problema socioeconômico e de saúde pública, sendo considerada a 14ª maior causa de afastamento temporário do trabalho no Brasil, sendo que no período correspondente do ano de 2010 ao ano de 2020, foram identificadas 755.752 cirurgias para o tratamento de varizes através do SUS sendo registradas 40 mortes relativas ao procedimento neste período. Como principal ferramenta de classificação clínica de gravidade da doença, tem-se a classe Clinical Etiological Anatomical Pathophysiological (CEAP), que varia de zero até seis. Com a progressão da doença, o paciente pode evoluir com fraqueza muscular dos membros inferiores, redução da mobilidade do tornozelo, anormalidades na marcha e no equilíbrio e, consequentemente, com piora da qualidade de vida, estas alterações funcionais têm impacto direto na mobilidade, autonomia e qualidade de vida dos indivíduos, sendo relevantes para a abordagem terapêutica e reabilitacional. Nesse cenário, hipotetiza-se também que os pacientes com IVC possam apresentar alterações na marcha. Objetivo: Avaliar a força muscular e a marcha de pacientes com IVC e comparar entre os níveis de gravidade da doença. Métodos: Trinta e oito pacientes com IVC (63,16±9,25 anos, 81,6% mulheres, CEAP 1-6) foram recrutados e separados em 3 grupos distintos, sendo o primeiro grupo denominado como saudável (CEAP C0), o segundo grupo como leve (CEAP C1-C3) e o terceiro grupo como grave (CEAP C4-C6). Posteriormente foram avaliados no Laboratório de Análise do Movimento (LAM) da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri em Diamantina/MG, onde foram coletadas variáveis relativas à cinemática temporal espacial. Resultados: Quando realizada a análise de diferença de média entre os 3 grupos foi identificado que houve diferença no tempo de apoio da perna acometida, na quantidade de passos por minuto da perna acometida, no comprimento da passada da perna acometida, no tempo de balanço da perna acometida e no pico de força de flexão plantar (P< 0,05 para todos). Conclusão: Os resultados deste estudo demonstram que pacientes em estágios mais avançados da doença apresentam piores índices nos parâmetros cinemáticos e de força muscular quando comparados ao grupo saudável. O que possibilita que os pacientes possam se beneficiar de programas de reabilitação precoce, que tenham a possibilidade de reduzir o avanço da doença e que possivelmente reduza o declínio da funcionalidade e consequentemente da qualidade de vida desta população.

Introduction: Chronic venous insufficiency (CVI) is a clinical condition characterized by dysfunction of the venous system in the lower limbs, resulting in blood reflux, venous hypertension, and impaired microcirculation. CVI is considered a significant socioeconomic and public health issue, ranking as the 14th leading cause of temporary work leave in Brazil. Between 2010 and 2020, 755,752 surgeriesfor varicose vein treatment were performed through the Brazilian Unified Health System (SUS), with 40 deathsrecorded related to these procedures during this period. The primary tool for classifying the severity of the disease is the Clinical Etiological Anatomical Pathophysiological (CEAP) classification, which ranges from zero to six. As the disease progresses, patients may develop muscle weakness in the lower limbs, reduced ankle mobility, gait and balance abnormalities, and, consequently, a decline in quality of life. These functional changes directly impact mobility, autonomy, and quality of life, making them relevant for therapeutic and rehabilitative approaches. In this context, it is also hypothesized that patients with CVI may exhibit alterations in gait. Objective: To evaluate muscle strength and gait in patients with CVI and compare these parameters across different levels of disease severity. Methods: Thirty-eight patients with CVI (63.16±9.25 years, 81.6% women, CEAP 1-6) were recruited and divided into three distinct groups: the first group was classified as healthy (CEAP C0), the second group as mild (CEAP C1-C3), and the third group as severe (CEAP C4-C6). They were subsequently evaluated at the Motion Analysis Laboratory (LAM) of the Federal University of Jequitinhonha and Mucuri Valleys in Diamantina, Minas Gerais, Brazil, where temporal-spatial kinematic variables were collected. Results: When analyzing the mean differences between the three groups, it was identified that there were significant differences in the following parameters of the affected leg: stance time, steps per minute, stride length, swing time, and peak plantar flexion force (P < 0.05 for all). Conclusion: The results of thisstudy demonstrate that patients in more advanced stages of the disease exhibit worse outcomes in kinematic parameters and muscle strength compared to the healthy group. This highlights the potential for patients to benefit from early rehabilitation programs, which may help reduce disease progression and possibly mitigate the decline in functionality and, consequently, the quality of life in this population.