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PPGCN
Programa de Pós-Graduação em Ciências da Nutrição
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Projeto
P5 - Práticas assistências ao parto no Brasil e Haiti: analise comparativa com base na literatura existente

Natureza: Pesquisa
Linha de pesquisa: NUTRIÇÃO E SAÚDE COLETIVA
Desde 20/08/2023
Descrição
O trabalho de Endersen e Newman (1973) e Kroege (1983) destaca a importância de considerar dois grupos de fatores para entender o uso da assistência à saúde materna. Os fatores predisponentes incluem características demográficas culturais e crenças de saúde, enquanto os fatores favoráveis estão relacionados à disponibilidade de recursos em nível individual e comunitário para facilitar o uso dos serviços de saúde. Isso inclui a disponibilidade de pessoal de saúde, infraestrutura e equipamentos de saúde, bem como barreiras relacionadas à acessibilidade geográfica e financeira. Esses fatores predisponentes e facilitadores desempenham um papel crucial no acesso aos cuidados com a saúde materna, destacando a importância da diversidade de fatores que influenciam as decisões de saúde dos indivíduos (Hamidou e Rwenge, 2023).

O protocolo de parto envolve um conjunto de práticas clínicas, procedimentos padronizados, protocolos de gerenciamento e diretrizes para garantir a qualidade do atendimento obstétrico e a segurança da mãe e do bebê. Esses protocolos geralmente são desenvolvidos por órgãos reguladores, autoridades de saúde, associações profissionais de obstetras e parteiras e instituições de saúde, de acordo com as diretrizes nacionais e internacionais sobre saúde materna (ACOG, 2020 e RCOG, 2018).

No Brasil e no Haiti, a redução da mortalidade materna é uma prioridade de saúde pública. Entretanto, persistem desafios na organização e implementação de práticas de assistência ao parto em ambos os países. No Brasil, apesar do progresso, as desigualdades territoriais persistem no acesso a cuidados obstétricos de qualidade, e a alta taxa de cesarianas levanta questões sobre a adequação de determinadas práticas. A disseminação de doenças graves facilita o acesso aos serviços de saúde em regiões pobres e contribui para um sistema de vigilância epidemiológica, mas problemas críticos como desigualdades e ineficiências persistentes ainda precisam ser enfrentados, assim como a falta de respeito e os maus-tratos causados por humilhações e agressões verbais graves. No Haiti, o acesso a água potável e saneamento, transporte de emergência, equipamentos e suprimentos médicos, acesso a serviços obstétricos e eletricidade durante o parto, especialmente nas áreas rurais, continua problemático, e a falta de recursos humanos e técnicos às vezes compromete a aplicação das recomendações internacionais.

Esses fatores levantam questões sobre a real relevância das práticas obstétricas para as necessidades e restrições específicas de cada contexto nacional. Portanto, parece necessário realizar uma análise aprofundada dos sistemas de assistência à maternidade no Brasil e no Haiti para avaliar sua capacidade de garantir a segurança e a qualidade do parto e, assim, identificar caminhos concretos para melhorias a fim de fortalecer a prestação de assistência em ambos os países.



Pergunta da pesquisa

  1. Os modelos de assistência à maternidade aplicados, em relação às disparidades no desenvolvimento socioeconômico e na infraestrutura de saúde, diferem entre o Brasil e o Haiti?

  2. As práticas obstétricas durante o parto diferem entre os dois países em termos da taxa de intervenções médicas e da conformidade com as recomendações internacionais?