ppgcn-programa-de-pos-graduacao-em-ciencias-da-nutricao
PPGCN
Programa de Pós-Graduação em Ciências da Nutrição
universidade-federal-dos-vales-do-jequitinhonha-e-mucuri

Prevalência e potencial de multiplicação de bactérias patogênicas em leite humano

Discente de Mestrado
Lahis Hamanda A de Castro

Titulado(a)
Defesa
Data: 10/02/2023
Horário: 09:00
Local: meet.google.com/ext-hhyq-cog
Status: Aprovada
Resumo
O leite humano é considerado a fonte ideal para a nutrição e a saúde do lactente. Quando há indisponibilidade de leite da própria mãe, a Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda utilizar o leite humano doado como a melhor alternativa para bebês com baixo peso ao nascer, entre outras situações adversas. O reconhecimento dos benefícios do leite humano aumentou o interesse mundial na criação e manutenção de bancos de leite humano para atender à necessidade de leite humano doado. Nessa perspectiva, a OMS priorizou o desenvolvimento de diretrizes para estabelecer e implementar sistemas de bancos de leite humano seguros e de qualidade. Além da composição química e bioquímica diversa, estudos mais recentes têm mostrado o leite humano como fonte de bactérias com potencial probiótico e de comensais que atuam na colonização intestinal do bebê. Contudo, há muito mais tempo já se sabe que o leite humano é veículo para transmissão de bactérias consideradas patogênicas. Nesse contexto, o primeiro objetivo desse estudo foi estimar a prevalência de bactérias patogênicas (Staphylococcus aureus ou Staphylococcus coagulase positivo, Escherichia coli, Salmonella spp., Listeria monocytogenes, Cronobacter/Enterobacter sakazakii e Coxiella burnetii) em leite humano cru em todo o mundo por meio de uma revisão sistemática e uma meta-análise de publicações científicas disponíveis antes de outubro de 2022, coletadas utilizando três bases de dados online (PubMed, Scopus e Web of Science). O estudo foi conduzido de acordo com o guia do PRISMA (Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses) e a meta-análise foi realizada no ambiente do software R (versão 4.2.2). Além da pasteurização térmica como critério de garantia da qualidade do leite humano doado em relação a perigos microbiológicos, a legislação brasileira estabelece um rígido controle de temperatura nas diversas etapas de manipulação do leite humano. Como exemplo, estabelece que o leite humano pasteurizado, uma vez descongelado, deve ser mantido sob refrigeração a temperatura máxima de 5 °C, com validade de vinte e quatro horas. Desta forma, o segundo objetivo do trabalho foi avaliar o potencial de multiplicação (δ) de quatro bactérias patogênicas de origem alimentar em leite humano cru e pasteurizado, armazenado nas temperaturas de 5 °C e em abuso de temperatura de 10 °C. Como resultado do primeiro objetivo, a estimativa da prevalência de S. aureus é de 12,05% (IC95%: 8,8; 16,3%). Já a prevalência de E. coli é de 1,64% (IC95%: 0,93; 2,89%), O teste de Egger não demonstrou viés de publicação, tanto para S. aureus quanto para E. coli. O número de estudos elegíveis não foi suficiente para uma estimativa da prevalência por meio de meta-análise das demais bactérias patogênicas. O potencial de multiplicação foi distinto entre as bactérias estudadas, S. aureus não demonstrou potencial (δ) significativo para nenhuma condição experimental avaliada. Já a E. coli demonstrou potencial significativo, após 72 horas, somente para o leite cru armazenado a 10 °C. Salmonella e L. monocytogenes demonstraram potencial (δ) significativo somente para o leite pasteurizado armazenado na condição de 10 °C, após 48 horas para Salmonella e 72 horas para Listeria. A temperatura de armazenamento do leite humano pasteurizado na distribuição para consumo parece ser um ponto crítico mais relevante que o tempo de armazenamento para garantia da inocuidade desse leite. A multiplicação das bactérias patogênicas em leite humano pasteurizado pode ser controlada, por até três dias, assegurando-se o armazenamento do leite em temperaturas inferiores a 5 °C.
Palavras-chave
leite materno; banco de leite; Escherichia coli; Salmonella; Staphylococcus aureus; Listeria monocytogenes; potencial de multiplic
Abstract
Human milk is considered the ideal source for infant nutrition and health. When mother's milk is unavailable, the World Health Organization (WHO) recommends using donated human milk as the best alternative for babies with low birth weight. Recognition of the benefits of human milk has increased worldwide interest in creating and maintaining human milk banks to meet the need for donated human milk. In this perspective, the WHO prioritized the development of guidelines to establish and implement safe and quality human milk bank systems. In addition to the diverse chemical and biochemical composition, more recent studies have shown human milk as a source of bacteria with probiotic potential and of commensals that act in the intestinal colonization of the baby. However, it has been known for much longer that human milk is a vehicle for the transmission of pathogenic bacteria. In this context, the first objective of this study was to estimate the prevalence of pathogenic bacteria (Staphylococcus aureus or Staphylococcus coagulase-positive, Escherichia coli, Salmonella spp., Listeria monocytogenes, Cronobacter/Enterobacter sakazakii and Coxiella burnetii) in raw human milk worldwide by through a systematic review and meta-analysis of scientific publications available before October 2022, collected using three online databases (PubMed, Scopus and Web of Science). The study was conducted following the PRISMA guide (Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses), and the meta-analysis was performed in the R software environment (version 4.2.2). In addition to thermal pasteurization as a criterion for guaranteeing the quality of donated human milk regarding microbiological dangers, Brazilian legislation establishes strict temperature control in the various stages of handling human milk. As an example, it establishes that pasteurized human milk, once thawed, must be kept under refrigeration at a maximum temperature of 5 °C, with a shelf life of twenty-four hours. Thus, another objective was to evaluate the growth potential (δ) of four foodborne pathogenic bacteria in raw and pasteurized human milk stored at 5 °C and 10 °C. As a result of the first objective, the estimated prevalence of S. aureus is 12.05% (95% CI: 8.8; 16.3%). The estimated prevalence of E. coli is 1.64% (95% CI: 0.93; 2.89%). Egger's test did not demonstrate publication bias for S. aureus and E. coli. The number of eligible studies was insufficient to estimate the prevalence through meta-analysis of the other pathogenic bacteria. The multiplication potential was distinct among the bacteria studied, S. aureus did not show significant growth potential for any evaluated experimental condition. E. coli, on the other hand, showed significant potential (δ) only for raw milk stored at 10 °C after 72 hours. Salmonella and L. monocytogenes showed significant potential (δ) only for pasteurized milk stored at 10 °C, after 48 hours for Salmonella, and 72 hours for Listeria. The storage temperature of pasteurized human milk in the distribution for consumption seems to be a more relevant critical point than the storage time to guarantee the safety of this milk. The growth of pathogenic bacteria in pasteurized human milk can be controlled for up to three days by ensuring that the milk is stored at temperatures below 5°C.
Keywords
breast milk; human milk bank; Escherichia coli; Salmonella; Staphylococcus aureus; Listeria monocytogenes; growth potential;
Banca: 3 integrantes
paulo-de-souza-costa-sobrinho
Presidente
PAULO DE SOUZA COSTA SOBRINHO
Participante interno
Fulgêncio Antônio Santos
Participante externo
Camila Carvalho Menezes Salierno